Um projeto arquitetônico pode ir muito além de conferir beleza ao ambiente. Ele tem a capacidade de harmonizar pontos como conforto, bem-estar, funcionalidade, desempenho — e muitas outras características das interações e atividades humanas — com elementos do ambiente.
Parece complexo, mas existe uma disciplina científica que traz luz sobre esse assunto na arquitetura: a ergonomia. A palavra, de origem grega — ergon (trabalho) e nomos (regras) — refere-se a um conceito que tem como objetivo a abordagem sistêmica das várias características da interação das pessoas com o meio. O profissional de ergonomia precisa ter uma abordagem holística sobre os aspectos físicos, cognitivos, sociais, organizacionais e ambientais de cada projeto.
Despertamos sua curiosidade sobre o uso da ergonomia na arquitetura? Continue com a leitura e descubra como aplicá-la.
Por que considerar o conceito de ergonomia?
Mais conhecida e utilizada em espaços de trabalho, ela também pode, e deve, fazer parte dos projetos residenciais e de lazer. O objetivo principal é otimizar o desempenho das atividades que podem ser realizadas em um ambiente, proporcionando conforto e melhoraria na qualidade de vida de seus usuários.
Nos ambientes corporativos, a ergonomia tem como foco principal a segurança, a prevenção de acidentes e o bem-estar do colaborador, levando para o ambiente de trabalho uma perspectiva mais humanística. O reflexo de uma boa implantação pode ser visto no aumento da produtividade, diminuição das taxas de absenteísmo e melhora geral no ambiente da empresa.
Como aplicar a ergonomia na arquitetura?
Uma boa forma de começar é realizando uma análise detalhada sobre as características psicológicas, físicas e, até mesmo, socioculturais dos indivíduos que serão beneficiados com a sua implantação. A partir da coleta de dados, será possível delinear os aspectos essenciais ao projeto. Veja alguns exemplos práticos.
Funcionalidade
Todo espaço projetado em uma edificação deve cumprir o papel a que é destinado, de forma eficiente. Tome como exemplo uma área de circulação, ela precisa atender características específicas para esse fim, viabilizando o bom deslocamento de pessoas e objetos e respeitando as necessidades físicas, inerentes ao espaço.
Para isso, é preciso um estudo aprofundado sobre seu uso e como ele pode ser melhor aproveitado, respeitando-se os atributos da construção e atendendo as normas técnicas e legais cabíveis.
Iluminação
Uma característica importante de qualquer ambiente é a qualidade da iluminação, pois precisa ser adequada às atividades que serão realizadas no local e sua finalidade geral. Entender as necessidades dos diferentes espaços, sejam eles de trabalho ou residenciais, contribuirá significativamente para o bem-estar de seus usuários.
Uma fonte direta de luz pode ser uma boa alternativa em áreas pouco iluminadas, mas talvez não seja conveniente em um ambiente repleto de telas de computadores, nesse caso, uma iluminação mais dispersa e algumas luminárias nas estações de trabalho e mesas de reunião podem tornar o local mais aconchegante e funcional.
Luz branca é ótima para escritórios e cozinhas, por exemplo, mas ambientes voltados para o relaxamento e descanso se beneficiam de luzes mais amareladas, que favorecem nosso ritmo circadiano.
Temperatura
Quando o assunto é a temperatura nos locais de trabalho sempre há uma certa polêmica entre aqueles que querem um ambiente mais frio e os que lutam pelo acréscimo de alguns graus na temperatura do ar-condicionado. Apesar das discussões, o ideal é que ela fique entre 20°C e 23°C e a umidade do ar deve estar acima de 40 %.
O projeto de climatização precisa ser dimensionado para atender, de maneira eficiente, todo o ambiente. Para isso, leve em consideração o posicionamento das janelas, mobiliários, tipos de equipamento de ar-condicionado que serão utilizados e qualquer outro detalhe que pode interferir no processo.
Ruídos
A acústica de um espaço é muito importante, principalmente, em um ambiente corporativo. O excesso de ruído pode atrapalhar as atividades e reduzir a produtividade, além de ser estressante e prejudicial à saúde.
É preciso pensar no revestimento das paredes de forma que elas proporcionem um bom isolamento acústico interno e entre salas de reunião, áreas voltadas para o descanso e outros espaços que demandam maior concentração.
O tipo de revestimento usado no chão também é um grande aliado para conseguir um bom resultado. Tapetes, carpetes ou pisos flutuantes são ótimos, pois diminuem a propagação de sons no chão. Outros recursos que melhoram a ergonomia, e são comuns na arquitetura, são as cortinas, paredes de vidro e jardins verticais.
Móveis
A função do mobiliário em um projeto que inclui a ergonomia na arquitetura, vai muito além de um propósito decorativo. São de expressiva relevância o material de fabricação e o posicionamento dos móveis em cada ambiente.
Para completar um bom projeto, as mesas, estações de trabalho e cadeiras também precisam favorecer uma postura correta durante o uso. É recomendável que os móveis sejam compatíveis com a estatura dos usuários e sejam projetados para favorecer o conforto.
Detalhes como a posição de membros inferiores em relação ao piso e membros superiores em relação ao apoio da mesa e cadeira, também devem ser observados. O ideal é que eles formem ângulos de 90 graus com as bases de apoio, a fim de garantir uma postura adequada e que evite futuras lesões.
O posicionamento e a escolha do mobiliário também são importantes para a organização e limpeza do espaço. Móveis muito grandes em pequenas áreas dificultam a circulação e produzem uma sensação de desorganização e falta de espaço.
Quais os benefícios em unir ergonomia à arquitetura?
Já falamos sobre as vantagens que a aplicação da ergonomia traz para os ambientes e seus usuários, e para o profissional de arquitetura? Por que ela é importante? Além de se tornar um diferencial que poderá destacar o seu trabalho, a ergonomia torna o projeto mais completo e consegue atender melhor às necessidades do cliente.
O uso deste conceito, desde os primeiros esboços, ajuda a conferir ao projeto mais clareza, organização e funcionalidade, facilitando o futuro trabalho do profissional de design de interiores ou decorador. A ergonomia na arquitetura é um recurso a ser explorado de forma intensa, pois traz amplos benefícios a todos os envolvidos.
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